sexta-feira, 1 de julho de 2011

O problema da representatividade.

Na maioria das sociedades democráticas a distanciação entre eleitos e eleitores, está a revelar-se como um enorme bloqueio à tomada das decisões e à participação dos eleitores que em última análise podem decidir entre um desenvolvimento harmonioso ou o colapso.
Internamente também os partidos e movimentos sociais não escapam ao problema.
O aparecimento de inúmeros movimentos com pouca ou nenhuma estrutura organizacional é testemunho disso.
Na base das comunidades existe hoje massa crítica que questiona os processos de eleição antigos e coloca em causa a representatividade dos eleitos.
Os processos de eleição não estão adequados às novas realidades. Hoje a discussão de ideias está muito facilitada pelos novos meios de comunicação e existência de redes sociais. O peso do território pesa mais pelos problemas comuns do que por proximidade de comunicação.
A afirmação das ideias está liberta do peso das assembleias “de tribo”, ganha força o indivíduo e o seu sentimento de participação livre e em igualdade com dirigentes e companheiros a quem não poucas vezes nos ligam sentimentos de amizade, mais do que concordância ideológica.
Temos de repensar os métodos de escolha nas comunidades, algumas tentativas que passam pela existência de listas abertas e escolha individual têm obtido resultados encorajadores. É possível e necessário fazer esta discussão.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Os tempos que correm

A vida está sempre a conduzir-nos a situações novas e inesperadas. Por vezes sentimos a necessidade de parar, olhar à nossa volta e tentar perceber onde estamos, e qual o nosso destino.

A História, na qual todos participamos, nem que seja por omissão, conduziu a nossa sociedade no início do séc. XXI para uma situação de aparente bloqueio – num ambiente de insegurança para os mais velhos e falta de futuro digno para os mais novos, estamos perante a ameaça de um retrocesso civilizacional como raras vezes se verificou na História.

Esquecemos ou não nos preparámos de forma conveniente para fenómenos naturais numa Terra
que  muito sabemos que se move.
Por outro lado, a nossa relação com a Natureza está nos limites da sustentabilidade – conduzidos pela falsa ideia de que o crescimento pode ser ilimitado, continuamos a poluir a água que vamos beber, a cortar as árvores que vão fazer falta, a destruir  terras necessárias para produzir alimentos e a esgotar energias, e  matérias-primas na maior parte das vezes não renováveis, com a agravante de utilizarmos tudo isto para construir  templos em que adoramos falsos deuses.

As relações com os nossos vizinhos, quer estejamos a falar de pessoas ou de nações, pautam-se maioritariamente pelo egoísmo individualista/nacionalista e por uma competição selvagem travestida de motor de desenvolvimento que se traduz na eliminação dos mais fracos pelos mais fortes, transportando para as sociedades humanas actuais leis que há muito a evolução deixou cair limitando-as às sociedades entre animais irracionais.

Os funcionamentos das sociedades geram dentro de si conjuntos de ideias e artefactos que são tomados como úteis e por vezes imprescindíveis para a continuação da existência dessa mesma sociedade.  A História está recheada de situações de sociedades que  implodiram ou ficaram de tal maneira fragilizadas que foram facilmente escravizadas pelos seus vizinhos, porque em determinada altura consideraram como úteis e imprescindíveis ideias e valores errados. A prática de uma governação Democrática foi a solução histórica para  o desenvolvimento saudável das sociedades, ao possibilitar a denúncia de ideias e práticas erradas, que embora possam beneficiar uma minoria, põem em causa a existência de toda a sociedade.

Conhecemos como é que a História tem lidado com os bloqueios. Só nos últimos trezentos anos a Revolução  Americana, a Revolução Francesa, a Revolução Russa, as Grandes Guerras com início na Europa, a Revolução Chinesa e a implosão da Sociedade Soviética  - associam dor e morte mas também esperança a situações que aparentemente não tinham saída. Todos desejamos que desta vez seja diferente, afastando o mais possível as situações de dor e morte e potenciando a esperança no futuro, porque, afinal estamos todos mais crescidos.